Ódio, cicatrizes da alma

Ódio, cicatrizes da alma
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Eu vou para o inferno, eu sei. Serei condenado por não ser capaz de um perdão sincero. Minha sinceridade me condena, por isso não posso nem ser salvo e nem me dizer cristão, como, aliás, fazem os hipócritas. Não posso rezar palavras vazias como fazem aqueles que repetem a oração, não posso pedir para ‘Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’. Não, não perdoamos porra nenhuma! Quando Jesus quis ensinar os homens a rezar, talvez não tenha imaginado que para Deus essa frase pudesse ser dura de ouvir; sabe o Senhor que essas palavras, quase que invariavelmente, exalam o fétido odor da hipocrisia que domina as almas daqueles que por tradição ou falta de opção se dizem cristãos. Para a maioria dos homens, desejar que Deus dê o mesmo tipo de perdão a que alcança nossos corações é pedir por condenação. Sou um desses que até são capazes de acreditar em algum tipo de arrependimento, mas ainda assim não tenho a mínima capacidade de perdoar sinceramente, seja por inspiração demoníaca ou pura falta da divina graça, minha crença é a de que as feridas da alma não se curam e que mesmo quando já não causam as mesmas dores deixam as cicatrizes e que essas são apenas disfarces superficiais para talvez esconder as pequenas hemorragias internas que nos acompanharam até nossa última hora. Continue lendo



E não pensem que sinto culpa por guardar rancor ou cultivar meus ódios, guardo ressentimentos como um bom colecionador e cultivo rancores como um bom jardineiro que cuida de cada ódio como se fosse a mais bela flor do seu jardim: trabalho para fortalecer suas raízes, para ele exale seu cheiro e possa crescer e multiplicar se espalhando pelos campos até dominar o mundo!